Fonte: http://correioregionalibaiti.blogspot.com/2009/05/durante-entrevista-pra… – data:19-05-2009
CR – Sete cursos de graduação de universidades públicas do Paraná receberam nota máxima no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade 2007). Sabe-se que boa parte do mérito deve ser atribuída à boa formação e qualificação dos professores, classe lutadora e pouco remunerada, principalmente entre os profissionais da rede pública. Como melhorar os índices de educação em todo o Estado?
Edson Praczyk – O que eu vou falar, talvez não agrade boa parte da classe política, mas é uma realidade ‘nua e crua’ e muito simples. É deixar o discurso e partir para a prática, porque a educação ou sua valorização é tema de todas as campanhas políticas, quer seja na esfera municipal, estadual ou federal. Mas, quando quem quer que seja, chega ao poder, na prática, menos atenção dá à área da educação. Então, eu vejo que se deveria deixar o discurso em menor proporção e a prática em maior proporção. Por via de regra, todos conhecem que a solução, tanto na área de segurança, quanto na geração de empregos, passa obrigatoriamente por uma boa educação.
CR – Pesquisa divulgada recentemente pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) mostra que a população tem uma imagem negativa dos políticos brasileiros. Para 82% dos entrevistados, a maioria dos políticos não cumpre as promessas que faz durante a campanha. Por que as pessoas pensam assim e como mudar esse pensamento?
Edson Praczyk – Quer gostem ou não, esta é uma realidade. Os parlamentos, o Congresso Nacional, as Câmaras de Vereadores, retratam fielmente a imagem da sociedade. Como um todo, no meio político existe bons e maus, assim como em toda a sociedade organizada. Existe corrupção na política, porque há corrupção na sociedade. Existe descumprimento de promessas no meio político, porque existe descumprimento de dever e de obrigações por parte da sociedade. Portanto, a política nada mais é do que o reflexo fiel da sociedade. Como mudar ou resgatar a boa imagem da política? Substituindo os políticos. Não existe um mecanismo que funcione mais do que o eleitor, no seu direito de voto, pensar muito bem no valor que o seu voto tem e em quem vai depositar essa confiança, porque pra quem se elege, dependendo dessa figura política, ele desencadeará um mandato positivamente ou negativamente. Por isso, reclamar não basta, o eleitor tem que valorizar seu voto.
CR – Há uma polêmica na Assembléia Legislativa do Paraná com respeito à licença dos deputados que são candidatos e não tem participado ativamente das sessões plenárias, o que tem prejudicado o quórum para as votações. Qual a posição do senhor quanto a isso?
Edson Praczyk – Eu sou um dos defensores de que a reforma política já deveria ter acontecido. Penso que duas coisas são necessárias: uma, a adoção do voto facultativo – o eleitor não deveria ter a obrigação de votar e isso faria com que os políticos tivessem que se empenhar mais pra merecer o voto do eleitor; segundo, deveria haver coincidência de mandatos, ou seja, ampliaria o mandato de todos para cinco anos, sem a reeleição, principalmente no Executivo. O Brasil como um todo não pararia, porque literalmente o país pára de dois em dois anos. Ainda que seja eleição municipal, os parlamentares estão envolvidos por causa da ligação que têm com seus municípios, prefeitos e vereadores. Ou seja, se houvesse uma única eleição para todos os cargos, não se imobilizaria o Poder Legislativo Estadual em detrimento da eleição de outros poderes.
CR – Quais as perspectivas do senhor quanto ao PRB no Paraná?
Edson Praczyk – O PRB no Paraná acompanha esse fenômeno de crescimento, que é notado em todas as partes pelo Brasil afora. Estamos representados em 143 municípios, o que irá, em muito, destacar e colocar ênfase na sigla. O PRB conseguiu se estruturar em praticamente todos os municípios do Paraná, lançar candidatos a prefeito e vereador em quase todas as cidades e provar que apesar de ainda ser considerado um partido pequeno, o crescimento está ocorrendo da forma como foi planejado, abrangendo a Região Metropolitana e o interior do Paraná.
CR – O senhor é um autêntico defensor do Software Livre. O que o levou a defender essa bandeira?
Edson Praczyk – A minha formação é em informática. Sou formado em processamento de dados com ênfase em Engenharia de Software, e tudo isso com base no Software Livre, que, aliás, sou usuário desde 1999, portanto, desde o meu primeiro mandato. Eu sou idealizador, defensor e propagador da idéia porque entendo que é uma questão de tempo e o mundo caminha para essa modernidade e tecnologia, para esse modelo. Os países de primeiro mundo entendem assim, os países emergentes estão entendendo também, e o Brasil, surpreendentemente, é celeiro e referência no Software Livre para o mundo. E com as iniciativas governamentais e privadas, tem-se adotado o Software Livre como uma solução inteligente, tanto viável economicamente, quanto à inclusão digital. E são essas as razões que me fazem abraçar essa causa e ser um entusiasta do Software Livre.
Jornalista Helen Assumpção (Curitiba – PR).